OpenAI manifesta interesse em adquirir o Chrome em meio a julgamento antitruste contra o Google

A OpenAI, responsável pelo desenvolvimento do ChatGPT, demonstrou interesse em comprar o navegador Chrome, atualmente pertencente ao Google. A informação foi revelada nesta terça-feira (21) durante o julgamento antitruste que ocorre nos Estados Unidos contra a gigante das buscas.

O Departamento de Justiça dos EUA, autor da ação, argumenta que a venda do Chrome pode ser uma medida eficaz para reduzir o monopólio do Google nas buscas online. Para reforçar a acusação, o órgão convocou o diretor de produto da OpenAI, Nick Turley, como uma das testemunhas.

O processo encontra-se na fase de definição das medidas cabíveis, o que pode resultar, inclusive, no desmembramento do Google. A empresa, por sua vez, já sinalizou que pretende recorrer caso qualquer decisão contrária seja tomada.

Parceria recusada pelo Google

De acordo com a agência Reuters, advogados do Departamento de Justiça apresentaram o contexto da disputa acirrada entre big techs e startups pela liderança em inteligência artificial. Para os procuradores, o domínio do Google nas buscas representa uma vantagem indevida também nesse novo segmento tecnológico.

Nick Turley revelou em depoimento que a OpenAI tentou estabelecer uma parceria com o Google para utilizar seu mecanismo de busca no ChatGPT — proposta que foi recusada pela big tech. Na ocasião, a OpenAI enfrentava dificuldades com o buscador que utilizava, embora o executivo não tenha revelado qual era. Atualmente, o ChatGPT utiliza a tecnologia Bing, da Microsoft.

Turley destacou que o sistema de busca é essencial para que o ChatGPT forneça respostas atualizadas e baseadas em fatos. Segundo ele, a ferramenta ainda está longe de conseguir responder com precisão a 80% das perguntas dos usuários apenas com seu mecanismo interno.

Durante o julgamento, foi exibido um e-mail da OpenAI ao Google afirmando: “Acreditamos que ter parceiros múltiplos, especialmente com acesso à API do Google, nos permitiria oferecer um produto melhor para os usuários.” A API (Interface de Programação de Aplicações) permite a integração entre diferentes softwares e o compartilhamento de dados e funcionalidades.

A posição do Google

O Google argumenta que o mercado de inteligência artificial generativa é competitivo, citando iniciativas da Meta e da própria Microsoft, que é parceira da OpenAI. Além disso, a empresa afirma que seus produtos de IA não fazem parte do escopo do processo, iniciado em 2020, que se concentra exclusivamente no setor de buscas.

Um documento de 2024 apresentado pela defesa do Google mostrou uma declaração anterior de Turley, afirmando que o ChatGPT liderava o mercado de chatbots e não via o Google como seu principal concorrente. O executivo respondeu que a declaração visava motivar a equipe interna da OpenAI e não refletia necessariamente a estratégia de parcerias.

Exclusividade e monopólio

Ainda nesta terça-feira, os trabalhos do julgamento abordaram contratos de exclusividade firmados pelo Google com fabricantes de smartphones Android. Esses acordos garantiam prioridade ao sistema de busca, à IA Gemini e ao navegador Chrome.

Após decisão judicial em agosto do mesmo ano, que apontou práticas anticompetitivas da empresa, o Google teria flexibilizado esses contratos. Documentos apresentados mostram que agora os parceiros podem oferecer buscadores concorrentes em seus dispositivos.

O desfecho do julgamento pode impactar diretamente a estrutura e a atuação do Google, além de moldar os rumos da competição no mercado de tecnologia e inteligência artificial.

Fonte: G1

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